sábado, 5 de setembro de 2009

História de Amor - Parte 2

Paloma tinha privilégios devido ao seu estado de saúde delicado, permanecia separada dos outros cavalos e diariamente recebia cuidados veterinários. Ela tinha um grande amigo, um cavalinho, também ainda potro, cujo nome dado pelos funcionários era "Pantufa", inspirado no afeto que havia entre ele e o guarda do CCZ, cujo apelido era esse. Os dois cavalos passavam todo o tempo juntos.

Outra fase muito difícil de saúde ocorreu logo após o acidente com o mourão, pois devido à fratura teve início um grave problema de sinusite. Os cuidados eram intensos, e ela tinha muito medo de mim. Pois toda vez que eu chegava perto dela, com meu jaleco branco, ela sabia que ia ter curativo nos machucados, medicação a ser feita e muitas vezes injeção. E o medo era expresso com rebeldia, que vinha por meio de tentativas de coice, empurrões e mordidas. Eu sempre conversava muito com ela, falava o quanto era importante tratá-la para que ela se curasse, que ela devia se alimentar bem e assim começou a nascer um enorme afeto, que eu sei não era correspondido, mas isso não me incomodava, como veterinária eu sempre compreendi bem esse medo que alguns animais tem de seu "algoz". Nessa época eu não tinha outro colega trabalhando comigo, então durante a semana era tudo muito corrido, mas nos finais de semana eu ficava ansiosa por ir vê-la. Queria levar minha família comigo, e algumas vezes eles foram, mas era difícil entender todo sentimento que eu já tinha por ela, e compartilhar, pois nós vivemos situações muito difíceis juntas. Em várias ocasiões, quando circunstâncias no trabalho pareciam tão injustas, era lá em cima com os cavalos e principalmte com a Paloma, que eu conseguia me apascentar. O cavalo tem esse efeito sobre as pessoas, observá-los comendo, se relacionando, escová-los, tem um forte poder calmante. Com o convívio a Paloma passou a me conhecer melhor e sei que também passou a gostar de mim. Porém com as características inerentes a sua espécie, de ser um animal de fuga, que vê o ser humano como um predador, ao mesmo tempo que ela gostava ela desconfiava. Para todos parecia que meu amor por ela não era correspondido, pois ela era muito rebelde comigo e com todos, mas esse era o temperamento dela, ela tinha motivos para isso, e eu olhava nos olhos dela, escovava seu pelo, conversava com ela e sabia que ela agradecia por isso.

Um comentário:

EdsonVetHorseman disse...

Estou adorando. Cadê a parte um? Bjs EMS.